VIDA DE BRASILEIRO

Ontem, eu me estressei de verdade.
É incrível como certas pessoas não ligam DE FORMA ALGUMA para o próximo. Digo isso porque ontem, após esperar o ônibus para casa por quase uma hora [greve, todo aquela baboseira], entrei em um bus SUPER LOTADO. Entrei e na porta fiquei, não tinha para onde se mexer. O motorista ainda parou uns dois pontos à frente e deixou mais gente entrar, umas pessoas se apertaram para mais perto da catraca e eu entrei mais um pouco e as pessoas entraram. Na frente da catraca, literalmente NA CATRACA tinha um cara conversando sobre A COPA com mais dois, entre eles o cobrador. Dentro do ônibus, do outro lado da catraca SOBRAVA espaço no fundo e no corredor, MAS QUEM DISSE que o rapaz que estava na catraca teve o bom senso de entrar no ônibus e possibilitar a entrada do resto daquelas pessoas que estavam como sardinhas, inclusive eu?

Ficou lá. Eu tentei manter a compostura, e consegui [bom para ele], mas mandei uma indireta para a senhora que estava ao meu lado: "Tem espaço lá dentro, a gente podia entrar, né?". A moça concordou e foi em direção à catraca. O rapaz, novamente me surpreende com seu simancol. ELE NÃO ENTROU NO BUS, ficou lá, grudado na catraca, tornando a entrada de todo mundo bem mais complicada. Eu entrei, e depois que entrei fiquei olhando para o cara e pensando: Ainda tem gente que acha que o povo brasileiro é cordial, amigável. A MAIOR MENTIRA DE TODOS OS TEMPOS. Não tinham apenas estudantes tentando entrar, tinham senhoras, senhores, idosos. Custava realmente entrar e liberar a passagem? Será que o assunto era realmente tão importante assim? Se fosse, eu juro que não reclamava. Mas se o assunto COPA fosse realmente importante para eles, não estariam dentro de um ônibus muito menos trabalhando de cobradores, seriam comentaristas de futebol ou até mesmo jogadores. [Apelo mesmo! haha]
Sempre que entro no bus e um lugar é liberado, antes de me sentar pergunto à todo mundo que está ao meu lado se alguém quer se assentar. Por mais que o meu dia tenha sido cansativo, muitas daquelas pessoas pegam bus para ir e voltar do trabalho, e isso é dose. Imagino o ódio que dá de ser mais velho e ter de DISPUTAR assento com jovem. Lembro-me bem que na NZ, nós estudantes pagávamos a tarifa de estudante, mas caso não cedêssemos o assento para um idoso, grávida ou mulher com bebê teríamos de pagar tarifa de adulto. Isto estava escrito em uma placa, dentro do ônibus e vi várias vezes o motorista dando bronca em jovens que desrespeitavam.
Outro dia desses, entrei no ônibus, lotado para variar um pouco, e tinha uma senhora com sua filha. A senhora estava no assento designado para idosos e a sua filha ao seu lado. Acredito eu que a senhora estava com a perna machucada ou algo do tipo pois lembro da filha dela dizendo para o cobrador: "Toma aqui o dinheiro da passagem e libera a gente pela porta da frente, por favor. Minha mãe nao consegue passar da catraca". O cobrador foi extremamente ríspido e mandou a moça falar com o motorista, que não deixou a moça passar. A moça teve de passar pela catraca, descer do ônibus, vir para frente do ônibus, entrar no ônibus de novo para ajudar a mãe dela a descer. Agora, me diz uma coisa, isso tudo era realmente necessário? O cobrador disse que não ia deixar porque ia virar bagunça. Se fosse a mãe dele, aposto que ele ficaria PUTO DA VIDA.
A moça passou pela catraca sem reclamar, desceu sem reclamar. Pessoas que passam por algo assim mereciam uma indenização, bem gorda. Não é porque a pessoa é humilde, pobre que tem de ser tratada como lixo. Pior que pobreza financeira com certeza é a pobreza de espírito.
Eu, que já não gosto do Brasil tanto assim, passo a gostar menos toda vez que sou obrigada a passar e ver situações desse tipo.